Esta sexta-feira, precisei ir ao shopping comprar uma pasta
para um trabalho da escola. Saí de casa às pressas, fui de pijama mesmo.
– Precisa de alguma coisa? – A vendedora se apressou em dizer
assim que entrei na loja, com um sorriso gentil.
– Não, – respondi – estou só olhando.
A mulher assentiu e logo me deixou em paz. Minutos depois,
um grupo de jovens – em torno de dez a quinze pessoas – entrou na loja. Camisa
da Maresia, bermuda, cordão de prata, boné...
A vendedora deu o bote:
– Precisam de alguma coisa? – perguntou, franzindo o cenho.
– Não, – respondeu um deles – estamos só olhando.
A mulher lançou um olhar desconfiado a eles e logo chamou os
seguranças.
– Mas será possível! – exclamou para a outra vendedora,
indignada, assim que eles saíram – Os seguranças de hoje não são mais como
antigamente. Aonde já se viu deixar esses marginais entrarem no shopping?
Nesses rolezinhos só tem quem não presta. Além de espantar os clientes, não
levam nada! Isto é, não pagam por nada. Levar já não sei... Vai comprar esta,
senhora? – ela perguntou, mudando a expressão carrancuda para gentil assim que
me aproximei do caixa.
– Não – respondi – Vou dar uma olhadinha nas outras lojas.
Qualquer coisa eu passo por aqui.
– Ah, não tem prob... – ela dizia antes de eu sair da loja.
Atravessei a avenida e dei de cara com o grupo novamente na
parada de ônibus.